Caros leitores,
mais uma vez estou de volta para um Review, penso eu, muito esperado por todos. Aproveito a oportunidade para desejar que todos aproveitem as festas de Carnaval de forma sadia e sem excessos. Pior que a ressaca, é a famigerada "ressaca moral", não é?
Pois bem. Desta vez falarei do cabeçote Bugera V55HD.
Para quem não conhece a marca, a Bugera foi adquirida pela Behringer (sendo hoje do mesmo grupo econômico), porém dedica-se exclusivamente à produção de amplificadores valvulados. Os amplificadores são todos feitos à mão e testados um a um. Pelo menos é o que anuncia-se no site da marca (
www.bugera-amps.com). Lá você encontra até vídeos do processo de fabricação.
A construção do
head é muito bonita e com visual bastante
vintage. Aliás, como o fabricante anuncia, a linha V "captura o som dos anos 1960". A linha é composta pelos combos V22 e V55, além do cabeçote V55HD (HD de
head).
Especificações do V55HD:
Controles: 9 (nove) - Clean, Gain, Volume, Bass, Middle, Treble, Master, Presence e Reverb.
Válvulas Pré: 3 (três) 12AX7
Válvulas Potência: 2 (duas) 6L6 em Push-Pull
Canais: 2 (dois) - Clean e Drive
Saídas: 4, 8 e 16 ohms
Alimentação: 120v quando importado direto pelo consumidor. Existem versões de 120-240v, porém são difíceis de encontrar no mercado.
Chassi: Aço
Entradas: 2 (duas) - Normal e Bright
Loop de Efeitos: Possui
Modo de Operação: Pentodo e Triodo
Potência Nominal: 55W RMS
Reverb: Digital/Eletrônico
Footswitch: Duplo (troca dos canais, on/off do Reverb)
Segundo informações do fabricante, o circuito foi baseado nos clássicos amplificadores americanos da década de 60. O que o fabricante quis dizer em outras palavras é que o circuito foi baseado nos famosos amplificadores Fender.
Dá pra notar a vocação timbrística americanizada pelas válvulas de potência (6L6) responsáveis pelo característico timbre estadunidense. Vou abrir um parêntese para falar das válvulas de potência e sua influência.
Quando Leo Fender (americano) fez seu primeiro amplificador ele usou válvulas 6L6, criando uma legião de fãs nos Estados Unidos e mundo afora. Jim Marshall (britânico) fez seu primeiro amplificador baseando-se no circuito Fender, porém substituiu as 6L6 por EL34 (pois esta última era mais fácil de encontrar na Inglaterra), fazendo os devidos ajustes. Em muitos circuitos as duas válvulas são intercambiáveis, necessitando às vezes algumas adaptações e ajustes de BIAS.
Contudo, não se trata da mesma válvula. Cada uma oferece características próprias ao som da guitarra. Enquanto a 6L6 tem graves reforçados e agudos moderados, a EL34 já possui mais agudos e médios bem gritantes produzindo um timbre mais aberto, bem na linha dos Marshall que tanto conhecemos.
Por causa disso, criou-se então duas referências mundiais de timbres: os amps americanos (6L6) e os amps britânicos (EL34).
Logicamente, o timbre do amplificador não depende exclusivamente da etapa de potência. Ele também será definido no circuito pré-amplificador, mas isto é um assunto para outro artigo.
Vamos falar do som então:
Para os testes usei uma Caixa 4x12 Crate de 120W. São quatro falantes com 30W de potência cada um. A guitarra foi uma Explorer Strinberg CLG-48 com 2 Humbuckers.
Inicialmente, deixei todos os controles de equalização em 12 horas (50%) e comecei os experimentos pelo canal clean.
O canal limpo é simplesmente maravilhoso. Se fosse possível, eu comeria o som produzido. Realmente desperta a área de prazer do cérebro.
O canal drive, oferece ganho médio. Não vá pensando que é um amplificador
hi-gain. Mexendo na equalização dá pra tocar diversos estilos até os mais pesados. Para solos de Heavy Metal, principalmente no estilo
shred, a gente sente falta de um empurrãozinho. O ideal é combinar com um pedal de overdrive (o Tube Screamer seria uma ótima opção).
Amplificadores valvulados, de regra, fornecem mais
punch em altos volumes. Pensando nisto, a Bugera instalou uma chave Pentodo/Triodo. No modo triodo, é possível aproveitar a distorção da etapa de potência com menos volume. Os vizinhos agradecem (risos).
Analisando pelo meu gosto pessoal, também achei o canal Drive muito fechado e opaco. Acho que o fabricante, percebendo isto, instalou uma chave de
mid boost, que na minha opinião foi indispensável para o canal Drive. Com a chave acionada o timbre fica um pouco mais aberto melhorando bastante na hora dos solos.
Os controles de equalização são bem discretos, não possuem uma atuação drástica no timbre do amp, de modo a manter sempre a pegada
vintage do cabeçote. Isso pode ser bom ou ruim, dependendo do gosto pessoal do guitarrista. Aqueles que curtirem sons mais clássicos irão adorar.
Quanto ao acabamento e construção, é de impressionar a beleza do amp. Nota baixa para a questão do tamanho e peso. Com apenas 5 (cinco) válvulas, o head poderia tranquilamente ser mais compacto e leve.
O Reverb é razoável apesar de não ser de mola.
Pontos positivos: Destaca-se o custo-benefício, principalmente, se você mesmo importar o cabeçote. No exterior ele está custando cerca de US$ 350.00 (trezentos e cinquenta dólares). Com o dólar baixo e frete em torno de US$ 40,00 (quarenta dólares), mesmo com os impostos, o preço final ainda fica bastante atrativo. Com pouco investimento você terá um amplificador todo valvulado (exceto retificação) de nível profissional.
Também tem o canal Clean, que é um show à parte.
Pontos negativos: Basicamente posso destacar o tamanho (o
head é enorme), e a falta de um Reverb de mola. Amps desta categoria merecem um Reverb superior. Não que o canal Drive seja ruim, mas é que o canal limpo é bom demais. A comparação fica difícil.
No geral, poderia concluir que este amplificador é muito melhor do que comentam por aí. Sua potência é adequada para a maioria das aplicações e seu timbre, principalmente no Clean é incrível.
O casamento perfeito com falantes
vintage também poderá deixar o timbre ainda mais clássico.
NOTAS (de 1 a 10):
Design/Aparência:
10
Construção/Robustez:
9
Ruído:
10
Versatilidade:
7
Definição timbre:
9
Equalização:
9
Recursos:
9
Custo-benefício:
9
MÉDIA/NOTA FINAL: 9
PONTUAÇÃO: Péssimo (1-2), Ruim (3-4), Bom (5-6), Ótimo (7-8), Excelente (9), Excepcional (10)
Obs.: Vale lembrar que um equipamento cuja MÉDIA/NOTA FINAL fique acima de 6 pode ser considerado um equipamento satisfatório, e acima de 8 poderá ser classificado como de uso profissional.
Um abraço!
Elvis Almeida
Guitarrista - Endorsee Strinberg
www.elvisalmeida.com
PARA VOCÊ:
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