Índice com todos os artigos da série "A Grande Batalha"
Aprofunde-se mais no tema, lendo todos os artigos sobre o duelo Transistorizados X Valvulados:
Parte 1: A fonte de energia dos amplificadores de guitarra
Parte 2: O Circuito Pré-amplificador
Parte 3: O Circuito de Power (Potência)
A fonte de energia do amplificador de guitarra
Darei início a uma nova série de artigos sobre amplificadores de guitarra, com o intuito de esclarecer as principais diferenças entre amplificadores de guitarra valvulados e transistorizados.
Qual é o melhor, é uma conclusão que você chegará por si próprio quando terminar de ler todos os artigos, sem nenhum misticismo e com respaldo técnico.
Retificação por válvulas ou por diodos?
Para a primeira coluna, escolhi o tópico RETIFICAÇÃO VALVULADA X DIODOS DE SILÍCIO, pois afinal, nenhum equipamento eletrônico funciona sem a fonte de energia.
Se houve muito por aí as seguintes frases:
- "O fabricante fala que o amp é alltube, mas tem diodos na fonte... chama o PROCON ou o IDEC";
- "Amplificador alltube é aquele que não tem nenhum diodo, nem na fonte...".
Primeiro, temos que destacar que o sinal de sua guitarra não irá passar pela válvula da fonte. Para explicar isto melhor, vamos esclarecer o que é retificação.
Retificação de corrente, de forma bem simplificada, é "transformar" corrente alternada (AC) em corrente contínua (DC). Antigamente, esta retificação era feita com uma válvula (não só para amplificadores, mas para todo o tipo de eletrônico existente: TV, radiola, vitrola... etc). Posteriormente, os fabricantes foram substituindo as válvulas por componentes de estado sólido, como transistores e diodos (feitos de germânio ou silício).
A primeira mudança foi na fonte de energia.
Ao revés de usar uma válvula cara na retificação, os construtores de amplificadores passaram a utilizar-se de diodos retificadores de silício, que eram pequenos, leves, baratos e duráveis.
Existe uma melhor?
Você deve estar se perguntando: "Ora, então a retificação com diodos é melhor?"
Depende do que você procura ouvir.
Veja também o vídeo:
Aí surge nova dúvida: "Como assim ouvir? Você não disse que o sinal da guitarra não passa pela fonte?!".
Disse sim, e não retiro estas palavras (risos). A diferença do som vai ocorrer não porque o sinal passa pela válvula da fonte, mas porque a fonte sólida se comporta diferente no fornecimento de energia para o power do amplificador.
É o mítico (e até místico) efeito Sag ("ceder" em tradução livre). Mas o sentido mais correto para o termo é "arriar".
A válvula retificadora, oferece naturalmente uma resistência à passagem de corrente. Isto acaba proporcionando uma queda de energia na etapa de potência. Quanto mais alto o volume, mais corrente se exige da fonte. Em uma curva logarítmica, essa pequena resistência tanto mais interfere na diferença de potencial, quanto mais corrente se exige da fonte. Esta atenuação em consequência da "arriada" da fonte, elimina os picos gerando uma compressão no som da guitarra.
Por isso mesmo, eu disse que vai depender daquilo que você quer ouvir. Então aquilo que tecnicamente seria um defeito (energia insuficiente), para os ouvidos humanos era uma qualidade, pois a maioria dos guitarristas desejam compressão.
Obviamente, cada circuito foi projetado de um jeito, e uns forneciam mais ou menos compressão. Melhor dizendo, dependendo do modelo/marca, o Sag era mais ou menos presente.
"É possível ter o efeito Sag numa fonte retificada com diodos de silício?"
A resposta é sim. O diodo naturalmente não possui resistência à corrente (tudo tem resistência, mas no caso, seu valor é desprezível para tal finalidade), mas combinando com um resistor de valor próximo à valvula de retificação desejada, o efeito Sag irá surgir em altos volumes.
Alterando o valor do resistor é possível até controlar mais ou menos compressão. Quanto mais resistência (em ohms) mais Sag, bem como quanto menos resistência, menos Sag e menos compressão.
Como este circuito é extremamente simples, atualmente encontramos inúmeros fabricantes industriais e handmakers inserindo a "Chave de Sag" nos seus produtos, que nada mais é do que um liga e desliga deste resistor. Assim, o guitarrista pode optar entre um som mais comprimido (com o Sag ativo) estilo vintage, ou mais moderno e "áspero", sem o Sag.
Fabricantes como a Mesa Boogie, preferiram utilizar os dois tipos de retificação (válvula e diodo de silício). É o que acontece com o Dual Rectifier, que dispõe uma fonte com válvulas e diodos, selecionáveis por uma chave.
Por fim, é importante salientar que o Sag só é possível nos amplificadores classe AB, pois este só amplifica existindo sinal de entrada. Nos amplificadores classe A, o consumo da válvula (ou válvulas, dependendo do caso) está sempre no máximo, tendo ou não sinal a ser amplificado. Assim, colocar uma válvula retificadora deixará a fonte sempre arriada, e o power "desabastecido" durante todo o ciclo da onda sonora. O efeito é somente uma redução total de volume, como se abaixasse um pouquinho o volume Master.
Então é isto pessoal. Encerro nossa primeira parte da batalha entre valvulados e transistorizados.
No próximo artigo, falaremos de pré-amplificadores e a polêmica tende a aumentar.
Um abraço.
Elvis Almeida
http://www.elvisalmeida.com
PARA VOCÊ:
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