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quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Este som maravilhoso que vem da guitarra.... (Parte 4) - Entenda os amplificadores - por Elvis Almeida



Índice com todos os artigos da série sobre o timbre da guitarra


Aprofunde-se mais no tema, lendo todos os artigos da série:

Parte 1: Introdução - Visão Geral
Parte 2: Conhecendo o Instrumento (Guitarra)
Parte 3: Os Efeitos (pedais, pedaleiras e racks)
Parte 4: Os Amplificadores de Guitarra



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Como é produzido o som da guitarra?

Parte IV – O Amplificador


A última etapa de nosso estudo sobre o timbre da guitarra é o amplificador. Para muitos músicos a etapa mais importante de todas, mais até que o próprio instrumento.

Há cerca de 3 (três) anos, estava conversando com um amigo e guitarrista de Belo Horizonte, já com muitos e muitos anos de estrada e disse que gostaria de investir em equipamentos, principalmente para ter um rig 100% (cem por cento) profissional. Na época eu disse que iria comprar primeiro uma guitarra TOP. De imediato ele me respondeu:

“- Esqueça a guitarra, invista seu dinheiro primeiro num amplificador de qualidade... esqueça também os transistorizados, vai de cara num amplificador todo valvulado. Um amp valvulado mesmo dos mais baratos soará melhor que um transistorizado, especialmente para seu estilo (Rock)”.

Foi nesta época que comecei a estudar a possibilidade de montar meu próprio amplificador. Enquanto estudava os circuitos eletrônicos dos amplificadores valvulados, constatei que este meu colega tinha razão. Tirando qualquer radicalismo de lado, para o estilo que eu faço, predominantemente Rock, os timbres que mais me agradam são sempre valvulados.

A questão remonta o clássico duelo Transistorizado X Valvulado, cujo tema já tive a oportunidade de escrever na série “A Grande Batalha: Valvulados X Transistorizados” com muita informação sobre o funcionamento dos dois. Portanto, remeto o leitor que quer se aprofundar no tema nos links abaixo:

Parte 1: A fonte de energia dos amplificadores de guitarra
Parte 2: O Circuito Pré-amplificador
Parte 3: O Circuito de Power (Potência)

Apesar de no momento não me aprofundar tanto quanto na série anterior, não me furto de comentar as principais diferenças entre eles.

Tecnicamente, transistor e válvula amplificam a potência o sinal de forma muito diferente. O transistor não precisa de grandes tensões para trabalhar, e principalmente, a saída do amplificador transistorizado geralmente tem impedância compatível com os alto-falantes do mercado.

Já a válvula tem impedância de saída muito alta, o que exige a instalação de um transformador de saída. Aí também se encontra uma das coisas que mais influenciam o timbre.

Ao contrário do que muita gente pensa, do ponto de vista da eletrônica, a amplificação transistorizada é muito mais eficiente que a valvulada, pois possui muito mais fidelidade ao som e baixa distorção.

Ocorre que a distorção (há vários tipos de distorção: harmônica, de fase, achatamento proveniente da saturação... etc., é desta última que estamos falando) que ocorre no valvulado (preamp e power) são justamente as responsáveis pelo tão sonhado timbre da guitarra.

“Timbristicamente” falando, o transistorizado, v.g., irá fornecer um som mais limpo, porém mais áspero e sem brilho, principalmente por não adicionar os harmônicos à onda sonora.

Já o valvulado, normalmente oferecerá um som mais sujo, porém mais gordo e brilhante, com mais compressão e os tão desejados harmônicos pares.

Como diria o Manolo da Tubeamps, “não é que os valvulados sejam melhores, é que gostamos mais deles”.

Lembremos que existem amplificadores transistorizados que caíram no gosto popular, sendo o Roland Jazz Chorus o mais famoso de todos. Em muitos estilos musicais, o som seco e áspero é desejado pelo guitarrista, e é justamente neste nicho que os transistorizados se destacam. A questão da durabilidade é outro fator que fazem com que muitos guitarristas profissionais optem por amplificadores solid state.

Contudo, quando a matéria é Blues e Rock, nada como um valvulado para dar aquele “calor” ao som.

Feitas estas ponderações quanto às diferenças essenciais entre os amplificadores valvulados e transistorizados, vamos falar agora sobre o caminho da onda sonora pelo amp.

O som sai da guitarra (quando ligada diretamente) ou dos pedais de efeitos (pode ser pedaleira, rack... etc.) e é injetado primeiro no pré do amplificador.

O pré-amplificador é o circuito responsável por pegar o sinal com baixíssima intensidade e prepará-lo a níveis suficientes para que a etapa de potência possa amplificar e enviar para os falantes. Trata-se portanto de uma etapa intermediária e fundamental para o timbre da guitarra.

Também é no preamp que são inseridos os controles de equalização, normalmente de grave, médios e agudos. A distorção de um amp valvulado virá inicialmente desta etapa, através da saturação de pré (overdrive). O que significa saturação? É o excesso de ganho proporcionado nas etapas do amp que irá implicar no achatamento da onda. A onda fica quadrada, provocando o clássico Drive Valvulado.

Após receber o sinal, pré-amplificar (saturando ou não) e equalizar, o sinal é entregue a etapa de potência num nível suficiente para que esta última etapa desempenhe seu papel satisfatoriamente, sem perdas.

A etapa de potência ao receber o sinal, em tese, não irá mais “tratar” o som. Sua função será exclusivamente aumentar a corrente, para posteriormente os pulsos elétricos já amplificados serem convertidos em pulsos mecânicos pelos alto-falantes. Mas no valvulado, a situação é diferente. A saturação de power não só acontece, como é desejada para a maioria dos guitarristas. Neste quesito que os valvulados deixam os transistorizados para trás.

 Entre as etapas de preamp e power, são adicionados os efeitos, normalmente através de um loop. Boa parte dos amplificadores de guitarra também vêm de fábrica com unidades de reverb integradas, sendo instaladas após o loop de efeitos.

Ocorre que em alguns amplificadores existe o controle de presence, que é um filtro de médios na etapa de potência. Dependendo do circuito, este controle é muito importante para dar mais brilho ao timbre da guitarra.

Atualmente, muitos amplificadores possuem atenuadores de potência de fábrica. Isto é um recurso muito útil para aqueles que desejam tocar com altos níveis de saturação da etapa power porém com volumes baixos. Tal recurso facilita as gravações (principalmente as caseiras), pois não será necessário isolamento acústico para colocar as válvulas de potência “fritando”. Alguns modelos também estão saindo com a saída direct/silent record, que é uma saída feita para ser plugada direto na mesa, placa de som ou interface de gravação. Ela permite gravar com qualquer nível de saturação do power e de forma silenciosa, pois o retorno você pode ouvir direto dos monitores de gravação em baixo volume.

Por último vem o alto-falante, que faz a transformação final dos pulsos elétricos em energia mecânica, produzindo o som. Trata-se de peça extremamente importante de qualquer amplificador. São fabricados em diversos tamanhos, potência, impedância, dureza do cone, sensibilidade... etc.

Normalmente, somos tentados a comprar os maiores e mais potentes como se isto fosse sinal de qualidade. Existem muitos falantes de 10” com performance superior a muitos de 12”. Isto depende também da qualidade dos materiais empregados na fabricação, bem como do projeto do mesmo.

Por isso, um falante para contrabaixo não fornecerá os médios necessários para a guitarra, bem como um falante para guitarra não fornecerá os graves que o baixista precisa. Isto decorre exponencialmente do fato de que cada projeto tem suas particularidades.

Um falante será bom para você, se:
a) ele reproduzir as frequências que deseja ouvir;
b) tiver potência adequada ao seu amplificador;
c) tiver boa pressão sonora e desempenho do cone;
d) durável.

Mais do que isto já é uma “viagem”. Você pode ter tudo que precisa num falante gastando de R$ 200,00 a R$ 1.000,00, dependendo do seu gosto, afinal tem gente que tem um gosto mais requintado (e caro... risos). A propósito, existe um vídeo muito interessante que publiquei no YouTube em meu canal http://www.youtube.com/users/bandatrifuse que dá dicas de como calcular impedâncias e associar alto-falantes. Vale a pena assistir. Também escrevi um artigo em parceria com o amigo Christian Castro que aborda o tema dos alto-falantes em profundidade publicado no grupo de discussão Amplificadores Valvulados S.A. no Facebook.

Outra questão que influencia muito no timbre é o projeto acústico do amplificador (ou da caixa, no caso de você estar usando um head). Dependendo da existência ou não de saídas traseiras, dutos... etc., o som também vai mudar. Pode-se querer reforçar os graves (p.ex.), ou eliminá-los também através do projeto acústico e dos materiais empregados na construção da caixa/gabinete.

Conclusão


Não existe regra para o amplificador ser bom. Para ser ruim já é outra história. É terrível a sensação de que o amp está “matando” seu som.

Muitos guitarristas profissionais optam pelos amplificadores transistorizados tanto por razão de robustez, como de timbre. Pode parecer incrível, mas tem gente que prefere o timbre opaco de um solid state.

A grande maioria prefere os amplificadores valvulados, também pelas mais variadas razões, mas principalmente pelo brilho que as válvulas oferecem ao timbre da guitarra. O drive valvulado também é muito mais “cremoso”, enquanto que o solid state costuma ser mais “ácido” e “áspero”.

Confie sempre nos seus ouvidos e o mais importante na hora de comprar um amplificador de guitarra é dedicar seu tempo para experimentar pessoalmente vários modelos e marcas disponíveis. É certo que artigos (como este) e reviews serão um norte, pois darão a orientação básica, mas nada substitui a experiência. Como diria Bruce Lee: “...só se aprende a lutar, lutando...”.

Um abraço e até o próximo artigo!


Elvis Almeida
http://www.elvisalmeida.com



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